CIFA

Frei Pacífico

 

FREI PACÍFICO DE BELLEVAUX: Nasce em Bellevaux, departamento da Sabóia, na França,

em 31 de janeiro de 1873. Filho de João Maria Place e de Paulina Meynet,

recebe o nome de Luis Narciso Place, ao ser batizado três dias após o nascimento,

na igreja Nossa Senhora da Assunção, em sua terra natal.

Enquanto faz os primeiros estudos,

Deus deposita no coração de Luis Narciso a semente da vocação sacerdotal e religiosa.

 

 

 

Aos 20 de maio de 1887, Narciso entra no Seminário Seráfico de La Roche-sur-Foron.

Permanece aí até 05 de agosto de 1890, quando inicia o noviciado capuchinho.

Ao vestir o hábito franciscano, recebe o nome de Frei Pacífico de Bellevaux,

nome condizente com sua índole tranqüila, meiga e um tanto tímida.

Emite os votos religiosos aos 15 de agosto de 1891.

 

 

Devido à situação política francesa da época, os Padres Capuchinhos

de Sabóia estabelecem uma Casa de Estudos em Beirut, na Síria,

transferida no mesmo ano para o Líbano, na cidade de Ghazir, num convento dos monges armênios.

Aí, Frei Pacífico faz o curso de Humanidades, concluindo-o em 1884.

Em 16 de agosto deste mesmo ano, emite os votos solenes.

Na mesma cidade de Ghazir inicia os estudos de filosofia e recebe as primeiras Ordens Menores.

Frei Pacífico dedicou-se de modo particular ao estudo da Sagrada Escritura e,

para melhor entendê-la, aprendeu o hebraico.

 

A conselho de seu mestre, estudou também árabe. Além das línguas orientais, estudou italiano, português, alemão, polonês e inglês. Durante os estudos de Ghazir irrompeu a epidemia do tifo, da qual Frei Pacífico também foi vítima. Em 17 de outubro de 1989, por isso, voltou para a sua terra natal a fim de recuperar a saúde. Ao visitar a família, encontrou-a de luto pela morte da mãe.

 

A pedido de Dom Cláudio Ponce de Leão, bispo do Rio Grande do Sul, o Papa Leão XIII solicitou ao Ministro Geral dos Capuchinhos a vinda de Padres para dar atendimento espiritual nas colônias italianas de sua Diocese. A escolha recaiu sobre a Província de Sabóia e, no dia 02 de janeiro de 1896, chegavam ao RS os primeiros missionários capuchinhos. Frei Pacífico, entre eles, chegou em Porto Alegre no dia 10 de fevereiro de 1899. Completou os estudos de teologia em Garibaldi e no dia 1º de novembro de 1900 foi ordenado sacerdote.

Foi professor de filosofia, de teologia e de exegese bíblica no Seminário Maior de Porto Alegre. Em 1910, foi transferido para Vacaria, assumindo a responsabilidade de pároco e o encaminhamento da instalação da Prelazia.

Em 1920 é transferido para a residência dos Capuchinhos no bairro Partenon, em Porto Alegre, onde foi Superior e exerceu a capelania no Colégio Sevigné e no Hospital São Pedro.

Em 1926, Frei Pacífico organiza, em Porto Alegre, as comemorações do VIIº centenário da morte de São Francisco de Assis. Foi a alma das celebrações. Coordena a parte religiosa e a parte artístico-literária, movimentando a sociedade porto-alegrense nos setores eclesiásticos e, principalmente, nos meios intelectuais, científicos e literários. Lança os alicerces para a fundação do Instituto Católico de Ciências e Letras da, hoje, Pontifícia Universidade Católica; Idealiza o leprosário de Itapoã.

Nessa ocasião, um grupo de terciárias franciscanas, tendo à frente a professora Morena de Azevedo e Souza, animadas pelo espírito de Francisco de Assis, sente-se impulsionado a revelar-lhe o ideal que acalentava: a fundação de uma Congregação nacional com espírito franciscano. Frei Pacífico as acolhe e as encoraja a prosseguir na busca da meta com o ardor e a coragem que esse ideal requeria. Assessora-as nos passos a seguir.

Frei Pacífico torna-se, assim, o co-fundador das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida.

Depois de ter exercido, em Porto Alegre, altas funções intelectuais e religiosas, Frei Pacifico foi novamente transferido para Vacaria-RS, permanecendo lá até 1937. Em março de 1938, assumiu a direção do Seminário Menor de Caxias do Sul. E, em 1940, foi nomeado capelão do Leprosário de Itapoã, cuja ideia de fundação foi por ele mesmo lançada. No dia 05 de abril desse mesmo ano, toma posse da nova missão para a qual ofereceu-se generosamente dizendo: “Quero ter a graça de terminar onde Francisco de Assis começou”. No mesmo dia, celebrou aí a primeira missa.

Frei Pacífico, pela sua dedicação e proximidade com os doentes, deu provas de elevado espírito de renúncia e sacrifício, de inteiro desprendimento de si e de profundo amor ao próximo. Recebeu o título de “Anjo da Caridade”. No dia 1º de novembro de 1950, Frei Pacífico celebrou as Bodas de Ouro de seu sacerdócio. Ele o quis celebrar junto aos seus doentes.

 

Em janeiro de 1953, após 13 anos de abnegado serviço em Itapoã, não podendo mais responder sozinho pelas necessidades do Leprosário, deixou a Capelania para Frei  Adelar Rigo, permanecendo Frei Pacífico como auxiliar até 07 de junho de 1953 quando, fisicamente alquebrado, recolheu-se definitivamente no convento capuchinho do Partenon, em Porto Alegre. Ali viveu seus últimos anos, fazendo o bem: ouvindo confissões, orientando pessoas que o procuravam, levando sua palavra de orientação definitiva às Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida, para as quais foi muito solícito.

Frei Pacífico foi pessoa de grande bondade, embora tivesse um temperamento vivo, quase arrogante. A respeito disso, em março de 1922, toma esta resolução: “Por causa de meu caráter, devo vigiar minhas palavras para respeitar todos os meus superiores e jamais criticá-los para não ser de peso aos confrades que comigo vivem e nunca falar senão bem dos ausentes”. Não fazia distinção de pessoas, classes, cor, nacionalidade ou raça. Possuia um olhar naturalmente penetrante, igualmente penetrante era a intuição da necessidade interior de cada pessoa que a ele se achegava.

As forças físicas iam diminuindo e sua saúde inspirava cuidados. Por isso, no dia 31 de janeiro de 1957, foi internado no Hospital da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre, onde faleceu no dia 24 de fevereiro, às 21 horas. Os funerais foram realizados na Igreja Santo Antônio do Partenon, em Porto Alegre. A Missa de Exéquias foi presidida por Dom Vicente Scherer, então Arcebispo de Porto Alegre; concelebrada pelos Superiores de sua Província, seus confrades e grande número de sacerdotes do clero secular.