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Por que nossas casas são chamadas de Betânias?

O povoado de Betânia se localiza cerca de 3km distantes de Jerusalém, na estrada que liga Jerusalém a Jericó, a leste do Monte das Oliveiras. A Palavra Betânia, na língua grega, significa: “casa do pobre”, “casa das fontes”. Na Bíblia, Betânia é, simplesmente: um povoado, aldeia, pequena cidade, lugarejo. Para Jesus, porém tinha um significado todo especial. Era o lugar onde moravam os amigos: Marta, Maria e Lázaro. Jesus costumava visitá-los, com frequência, e nessa “casa acolhedora e quente de amor fraterno”, no dizer do Papa Paulo VI, Jesus viveu momentos significativos de formação para os seus seguidores e seguidoras, como também para os Apóstolos. Além do episódio clássico de Lucas 10, 38-42, acontecem em Betânia a morte e a ressurreição de Lázaro e a unção de Jesus (cf. João 11 e 12,1-11)

É interessante perceber como João apresenta a família de Betânia: “Ora, Jesus amava Marta e sua irmã, e Lázaro”. Essa família de Betânia era verdadeiramente amiga de Jesus. Quando se dirigia a Jerusalém, Jesus costumava hospedar-se nessa casa. Ali tomava as refeições, passava a noite, utilizava a casa da família, como lugar de retiro.

A Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida busca o centro inspirador da vida em Betânia, no Evangelho de Lucas 10, 38-42, onde Jesus ensina um modo de ser e de agir, voltado para o “único necessário”: Outrora Jesus descansava em Betânia, na casa de Marta e Maria. Nossos fundadores, Madre Clara Maria e Frei Pacífico de Bellevaux, batizaram nossas casas com o nome de Betânia, querendo significar que aí Nosso Senhor deve descansar entre as Martas-Marias. Inspiradas neste Evangelho, somos chamadas a uma crescente harmonia em nossa vida de ação e contemplação, conforme o desejo de nossos fundadores, sendo Martas pela atividade sem deixar de ser Marias pelo recolhimento e união com Deus (cf. DE 43). Recomenda Madre Clara: “Ser Marta e Maria são como dois olhos de um mesmo olhar, ambos olhando na direção do único Senhor”.

A lição evangélica de Lucas 10, 38-42, é retomada frequentemente por Madre Clara, e assumida por nós como fonte inspiradora de nosso carisma e espiritualidade. A única coisa necessária, quer seja na ação ou na contemplação, é amar profundamente o Divino Hóspede, reconhecendo-O como Mestre.

“Na Vida em Betânia onde se cultiva a espiritualidade eucarística, Jesus é o Divino Companheiro fundamenta um modo próprio de ser, de nos relacionar e de ser Betânia em Missão, pelo testemunho, anúncio e serviço” (CC 54).

“Relembrando que outrora Jesus descansava em Betânia, nesta inspiração nossos fundadores, quiseram significar que, nelas, o Divino Hóspede deverá sentir-se a vontade e acolhido entre as Irmãs como na casa de Marta e Maria. Por isso, nossa vida se compreende como vida em Betânia” (CC 8).

Nossas Betânias, quais espaços teologais, são lugares privilegiados para acontecer a experiência de Deus. Sendo centros de Espiritualidade e missão, caracterizando-se como lugares de acolhida, simplicidade, sensibilidade, caridade, oração, silêncio interior e exterior, ambiente bem cuidado. Tudo há de lembrar que o Senhor está presente, que a Betânia é a sua casa, enfim, que “vejamos Deus em tudo”. O Divino Hóspede deve descansar em nosso meio, para nos ouvir, nos falar e nos enviar. É uma questão de acolhimento, de criar espaço favorável em nós e ao redor de nós. É o nosso espaço de vida e de missão (DE 45).

Ao celebrarmos os 93 anos da CIFA, somos convidadas a renovar nossa Vida em Betânia e Betânia em Missão, legado este que nossos fundadores nos deixaram para bem vivenciarmos nosso Carisma.

 


Colaboração: Ir. Solange Lussi, CIFA