Estamos vivendo neste tempo um olhar mais voltado para os povos indígenas. Estamos vivendo a semana dos Povos Indigenas. É tempo de parar e refletir como nós indigenista vemos esta questão. Hora de juntos e juntas reafirmarmos o compromisso com a causa Indígena. Não basta lembrar é preciso assumir esta causa. E assumir com amor e fidelidade, compromisso e responsabilidade.
Todos/as nós temos sangue indígena. Carregamos este sangue em diferentes modos dependendo de nossas atitudes: ou nas veias ou nas mãos. Recordamos a violência sofrida por estes povos desde 1522, sim pois ainda hoje o número de assassinato indígena no país é altíssimo. E nos perguntamos, até quando??? A maior violência contra os povos originários, hoje, é a não demarcação de seus territórios, pois dele decorre o seu modo de ser e viver. Sem Território não há educação, não há saúde, não há vida.
Assistimos dia a dia seus direitos sendo desmantelado. Direitos estes conquistados a duras penas. Vemos os povos resistindo para existir. Recentemente acompanhamos o protagonismo deste povo que marcou o 18º ATL (Acampamento Terra Livre em Brasília) com o tema “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política”, que aconteceu dos dias 04 a 15 de abril. Marcaram presença mais de 8 mil pessoas, de aproximadamente mais de 200 povos diferente, para reivindicar seus direitos.
No Documento final expressam: “Viemos a Brasília para colorir a capital federal de urucum e jenipapo, com as múltiplas cores de nossos cocares e para demonstrar ao país e ao mundo que, assim como aprendemos com nossos ancestrais, seguimos e seguiremos juntos, resistindo contra os distintos projetos de extermínio que as elites, donos ou representantes do capital e seus sucessivos governantes e aliados no Poder Legislativo, têm articulado contra nós ao longo desses 522 anos”. Na esplanada do governo o grito profético destes povos contra os desmontes que vem ocorrendo: “No Congresso Nacional, Bolsonaro e sua base de sustentação, maioritariamente ruralista e evangélica, defendem uma série de iniciativas legislativas que visam a materializar o seu projeto de morte. Entre estas iniciativas, destacam-se o Projeto de Lei 490/2007, do Marco Temporal; PL 191/2020, da Mineração em Terras Indígenas; PL 6299/2002, pacote do Veneno; PL 2633/2020 e PL 510/2021, da grilagem de Terras públicas; PL 3729/2004 (agora PL 2159/2021, sob análise do Senado) do Licenciamento ambiental; PL 2699, do Estatuto do desarmamento e porte de armas. Precisamos interromper esses processos de destruição e morte. Nossa luta é por nossos Povos, sim, mas também pelo futuro de todos e todas as brasileiras e pela humanidade inteira! Lutamos por um projeto civilizatório de país e de mundo. Um projeto baseado nos princípios do respeito à democracia, aos direitos humanos, à justiça, ao cuidado com o meio ambiente e com a Mãe Natureza; um projeto que respeite a diversidade étnica e cultural do país do qual fazemos parte, com mais de 305 povos diferentes e 284 línguas indígenas, sem racismo, preconceitos e discriminações de nenhum tipo. Queremos ser protagonistas dos nossos planos de vida, exercer a nossa autonomia em nossos territórios e o nosso direito de participação na formulação, monitoramento e avaliação das políticas públicas que nos dizem respeito. Consideramos também fundamental aumentarmos a nossa representatividade nas Casas Legislativas, não só porque é nelas que correm as principais ameaças aos nossos direitos fundamentais, assegurados pela Constituição Federal de 1988, mas também porque queremos estabelecer um nível de diálogo institucional em condições de igualdade com todas as esferas de governo e do Estado brasileiro.”
Os Povos deram o seu recado, cabe as autoridades competentes responderem. Por isso conclamamos você que acredita que um outro mundo é possível, onde reine a justiça, a paz e a solidariedade a se unir nesta luta que também é nossa.
Veja o documento final na íntegra: https://apiboficial.org/2022/04/14/atl-2022-povos-indigenas-unidos-movimento-e-luta-fortalecidos/
Colaboração: Ir. Joana Ortiz, cifa