CIFA

Celebrar a Páscoa de Madre Clara – comprometer-se com o legado herdado

No dia 20 de novembro celebramos a Páscoa de Madre Clara Maria, nome religioso da jovem Morena de Azevedo e Souza; jovem professora comprometida com sua fé cristã foi do Movimento Mariano e jovem terciária.  Em um primeiro momento participou do grupo que havia em Porto Alegre: A referida fraternidade era composta de Senhoras de origem alemã. O respectivo Diretor falava-lhes só em alemão, dando apenas, no fim da conferência, alguns avisos em português. Frei Pacífico disse-lhe então que desejava fundar uma fraternidade para as brasileiras. S. Rvma. encarrega Morena de organizar uma lista de candidatas à Ordem III.(CD 1Madre Clara Maria)  Morena ajuda na organização e fundação da primeira fraternidade da Ordem III com orações, estudos, encontros em língua portuguesa.

Católica praticante descobriu a espiritualidade franciscana e se encantou, ela com mais algumas jovens viveram suas inquietudes vocacionais, buscaram congregações para dedicar sua vida ao Senhor. Jovens também sensíveis às realidades da sua época, deram-se conta que as jovens de índole brasileira não se adaptavam às congregações, pois as congregações europeias não procuravam se adaptar à realidade brasileira; apenas transportavam o seu modelo para cá; existia a crença de que os “brasileiros” e os negros não “davam para padre e freira”, segundo Santos Arcari (2018).

Morena com as amigas terciárias intuem uma congregação franciscana nacional, para as jovens de índole brasileira que queiram consagrar sua vida a Deus. Frei Pacifico, missionário francês da Ordem dos Frades Menores Capuchinho é cofundador da congregação, ele acolhe a intuição e faz o diálogo com a Igreja para que a congregação fosse dando os passos necessários  em sua organização  e fosse se estabelecendo. Ele ajuda a definir a missão: atender os sem vez e sem voz, os que não são atendidos..., nas palavras de Madre Clara ir aos porões, onde ninguém se acotovela.

Uma Vida Religiosa inculturada é parte do Carisma de nossa congregação, por isso aberta àquelas que, por inspiração do Senhor, vêm até nós, sem distinção de raça, cultura, origem: “A nossa Congregação é brasileira, é gaúcha e assim sendo, segundo o espírito de nosso santo Pai Fundador, tem abertas as portas e o coração para todas as boas vocações de qualquer cor ou origem, desde que se submetam ao espírito evangélico que nosso Pai Fundador implantou na nossa Congregação, com seus exemplos e instruções profundas.” (Circulares de Madre Clara Maria, 2ed, 2021), assim se expressa Madre Clara.

Em tempos de pluralidade e diversidade, não tão tranquila e harmônica; com extremismo e polarizações, é bom recordar dessa sensibilidade de Madre Clara; da inspiração primeira, que nós como herdeiras deste carisma não podemos perder de vista. O que significa também um compromisso sempre maior com a igualdade e equidade, justiça e dignidade, numa inserção sempre renovada.


Colaboração: Ir. Vania Martins, cifa

 

 

 

Bibliografia

História da minha Congregação. 1º Caderno/ 1926-1935. Madre Clara Maria.

SANTOS ARCARI, Jean dos. Uma congregação acessível à índole das moças brasileiras, Irmã     Clara Maria, fundadora das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida. Circulo de Pesquisas Literárias. Mulheres nas Artes, na Cultura e na História. EDIPLAY, Porto Alegre, 2018.

Circulares de Madre Clara Maria de Azevedo e Sousa. 2ª ed. Porto Alegre, 2021.